quinta-feira, 7 de abril de 2011

OS DUROS OSSOS DO OFÍCIO

Um fato que eu, como profissional da comunicação, nunca desejaria veicular, especialmente no dia do jornalista, outros muitos profissionais da imprensa brasileira, por dever de ofício e seu compromisso com a descrição da noticia, tiveram que tentar publicar com todos os detalhes e momentaneamente, deixar de lado as emoções, mas também utilizar essa oportunidade como um verdadeiro grito de alerta. Um ex-aluno de uma escola municipal da Zona Oeste do Rio de Janeiro, utilizando duas armas, matou pelo menos doze crianças e feriu outras, antes de cometer suicídio.

Massacre? Sim, não tenho dúvidas. As suas motivantes? Apenas hipóteses. Tristeza e comoção pública? É claro e evidente. Mas será que esse lamentável fato não poderia ser evitado? Talvez, principalmente, se os fatos que ocorrem no mundo e noticiados pela imprensa, não fossem tratados, por muitos, como apenas uma informação a mais .

Segundo Otto Von Bismark, "somente os tolos aprendem com a própria experiência". Particularmente eu acrescento nessa citação, os acomodados, os indiferentes e os irresponsáveis, que aqui, não são raros.  Acontecimentos similares ocorreram em países de primeiro mundo como EUA, Alemanha e Finlândia. Poderiámos nos considerar primeiro mundo em matéria de violência e a falta da segurança pública que nos assombra, governos entram, governos saem? Então, por qual motivo, foi afastada a hipótese de ocorrer uma replicância de tais estarrecedores fatos aqui no Brasil? seriámos imunes a isso? Qual o motivo da desconsideração ou tratamento com pouco caso de tais reais materializações de insanidade e da violência? Será que o vento que venta lá, seria diferente do que venta aqui?

A lei de Murphy foi impiedosa com o descaso a tal possibilidade pela alta cúpula do governo municipal e estadual fluminense, em especial pela total impotência quanto a segurança pública.
Não se trata de um fato isolado no Brasil, muitas notícias que eclodiram nos informativos diários descrevendo agressões, armas e feridos decorrentes da violência que passou a freqüentar as salas de aula brasileiras, passariam a ser muito mais que indicios, na verdade, sintomas que denunciavam que alguma "bomba relógio" estava em contagem regressiva. No entanto, tais informações vem, passam e não recebem um gradação de relevância, um estudo e um adequado debate, buscando as causas e possíveis soluções tais que permitisse ser traçada uma política para  a garantia de uma adequada segurança aos estudantes nos estabelecimentos de ensino públicos.

Lanço um alerta aos governantes brasileiros em especial, de Manaus, onde até um professor universitário foi alvo de violência em sala de aula e, salvo melhor juízo, nenhuma medida concreta e palpável veio à tona até agora. Os fatos estão todo dia batendo as portas dos luxuosos gabinetes por meio de uma imprensa, que pode possuir seus defeitos, por englobar uma atividade humana em essência, mas, que espero, não ficar silente daqui por diante. Imprensa essa que proveu de informações aos que poderiam revertê-las em oportunas medidas de prevenção, mas não as implementaram, pois, na sua maioria, têm seus filhos estudando em instituições particulares.

 Ora, se existe a mínima possibilidade de uma coisa dar errado, ela dará errado, como, infeliz e efetivamente ocorreu no Rio de Janeiro, e por qual motivo não ocorreria em Manaus? Essa simples e objetiva regra de prevenção, se fosse aplicada pelos que representam o nosso Estado Social Democrático de Direito, com certeza, pouparia, muitas lágrimas, lamentações e sangrentos lides. Não podemos continuar a aprender somente com as nossas próprias histórias e manchetes.

Beto Tavarovsky

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