sexta-feira, 27 de maio de 2011

Entrevista exclusiva na íntegra com Geraldo Alves


A melhor forma de planejar a cidade é valorizando o deslocamento das pessoas que nela vivem, defende o geógrafo Geraldo Alves, especialista em Transporte Público e professor da Universidade do Amazonas (Ufam). Para o pesquisador, um plano diretor tem a função de facilitar o dia a dia da cidade e, nesse contexto, o transporte ganha relevância porque estrutura a cidade e a vida dos moradores, se assim não for concebido torna-se um instrumento inóquo. Em entrevista ao LabF5, Geraldo Alves questiona a não utilização dos vazios urbanos de Manaus, sugere mais discussão sobre o meio de transporte de massa a ser usado na cidade e que sejam feitos novos cálculos dos custos do VLT (por extenso) e monotrilho. A seguir, entrevista na íntegra. 


LabF5: Pro senhor, qual o principal direcionamento que o Plano Diretor deve tomar?
Prof Dr. Geraldo Alves: Tem algumas questões. A lei atual proíbe que em certos cantos da cidade se construa prédios muito altos. Na entrada da Cidade Nova não pode ter uma torre de 25 andares. O gabarito decresce na medida em que se afasta da periferia. Eu acho que o Plano Diretor deve olha a cidade da viagem das pessoas, da mobilidade urbana, além de outros aspectos, mas esse é fundamental, porque o transporte estrutura a cidade e a vida das pessoas como a gente tem vivido hoje em Manaus. E a filosofia que tem prevalecido na cidade de Manaus - não sei até que ponto em relação ao Plano Diretor - tem permitido a construção de grandes torres com grande concentração de edifício em áreas de difícil provimento de transporte eficiente. É o caso do Vieralves, do Parque 10, do Mindú, do V8. Esses pontos da cidade vão ser atendidos por transporte individual, o que é uma péssima opção pra cidade de Manaus. Se você pegar Curitiba, por exemplo, que é modelo mundial de transporte e mobilidade urbana, você vai observar que se estruturam grandes eixos, grandes corredores de transporte público e um ao lado do outro. Ou seja, Curitiba procura adensar a demanda de transporte onde tem condições de intensificar a oferta. E Manaus está crescendo muito horizontal com uma dispersão muito grande da população e isso dificulta a implantação de um sistema de transporte de grande capacidade, porque a demanda está muito dispersa. Porque o metrô é inviável aqui? Porque outros projetos se tornam inviáveis? Porque a população está muito dispersa. Você acaba construindo quilômetros e quilômetros de um sistema desses para ter pouca demanda. Então, eu acho que o Plano Diretor deveria tentar disciplinar o crescimento da cidade de Manaus no sentido de forçar o seu adensamento, no sentido de evitar que a cidade cresça horizontalmente. E que crescesse adensando. Nem é pra cima, nem precisaríamos viver só em apartamentos, mas o plano diretor deveria exercer uma pressão muito grande sobre esses vazios urbanos que existem em Manaus que são responsáveis por aumentar a distância das viagens e reduzir a eficiência da cidade.

F5: Então, o senhor acha que o BRT (Bus Rapid Transit) seria a resposta pra esse problema da dificuldade do transporte público atender essa demanda?
Prof. G.A: Que nós vamos continuar dependendo de ônibus pra rodar em Manaus, eu não tenho dúvida. Agora, até hoje de manhã, o Secretário Municipal deve ter defendido o BRT, porque ele é usado no mundo inteiro. O problema do BRT pra Manaus, e cada caso é um caso, se vocês puderem acessar o Transmilenio de Bogotá na Colômbia, você vai ver que é um sistema de grande capacidade, e é um BRT. Agora, o BRT pra funcionar precisaria de duas faixas em cada sentido, porque se um ônibus dá defeito numa faixa, o outro chega e desvia. O problema de Manaus para suportar a implantação de um BRT refere-se às faixas viárias. As vias arteriais de Manaus são muito estreitas. A maioria delas só com duas faixas de rolamento por sentido. Você pega como exemplo a Rodrigo Otávio, só tem duas faixas de rolamento e é uma via importantíssima. E o V8, Darcy Vargas são vias importantíssimas pra cidade, é um eixo de cruzamento e só tem duas faixas de rolamento. Pra gente colocar o BRT em uma dessas vias, como faria? Vai colocar o BRT em uma faixa e deixar a outra pro automóvel? Daí breca um carro desse na pista e aí pronto, já esculhambou tudo no trânsito. Então, a grande dificuldade de implantar o BRT em Manaus é a ausência de caixas viárias que suportassem isso com folga, com tranqüilidade. Para se implantar o BRT em Manaus, precisaria desapropriar muito na área lindeira pra construir, por exemplo, duas faixas segregadas para o BRT, o que é muito complicado. Então, eu acho que o BRT funciona onde tem condições de infra-estrutura pra isso. Pra Manaus, objetivamente, seria inviável.

F5: Qual seria a solução pra Manaus, então?
Prof. G.A: VLT, Veículo Leve sobre Trilho, ou Tramway, o termo em inglês. Ele é muito utilizado na Europa. É uma versão moderna do bonde, que rodou nas ruas de Manaus na Belle Époque. Ele roda no (eixo) carroçável, só precisa de uma faixa de rolamento por sentido de via. Pode dar problema? Pode, mas é muito menos freqüente do que um ônibus quebrar. Um ônibus, se furar o pneu, já tem que parar. Um VLT dificilmente daria problema para parar. Se você tem uma faixa de rolamento por sentido, então você tem condições de implantar o VLT. Para o trecho que, hoje, está sendo pensado para o monotrilho[da Matriz ao T4], nós perfeitamente poderíamos aceitar o Veículo Leve sobre Trilho com o custo de implantação três vezes menor do que nós gastaríamos hoje com o monotrilho. E é um sistema extremamente eficiente, está rodando em vários países e cidades da Europa. No Brasil já tem um sistema desses ligando a cidade de Crato e Juazeiro do Norte no Ceará. Então, tem experiência de sobra pra mostrar que o VLT é ambientalmente interessante. Do ponto de vista paisagístico é plenamente integrado à paisagem urbana. Não precisa construir muita coisa, quebrar muita coisa. Então, a opção para este eixo estruturante que vai da Matriz até o T4, a bola do produtor, o mesmo traçado que está sendo pensado para o monotrilho, nós devemos implantar o VLT.

F5: Porque esse projeto ainda não foi implantado na cidade e nem é cogitado?
Prof. G.A:Quando o Governo Estadual, na época do Braga, através da SEPLAN [Secretaria de Planejamento] contratou a PricewaterhouseCoopers pra fazer um estudo de qual o modo de transporte seria implantado em Manaus, a empresa prontamente surgiu com a proposta do Monotrilho. Nesta segunda-feira (dia 11 de Abril) participei de uma audiência pública na Assembléia Legislativa puxada pelo Deputado Marcelo Ramos e tava denunciando isso. Hoje, tudo o que se fala sobre transporte de massa em Manaus está polarizado entre o BRT, defendido pela Prefeitura e o Monotrilho, defendido pelo Governo do Estado. E ninguém fala sobre o VLT. Porque não se fala do VLT? No meu modo de entender, essa bipolaridade entre BRT e Monotrilho é culpa da consultoria que foi contratada que apresentou muito precocemente o Monotrilho como sendo o mais viável e excluiu o VLT. Não sei se é público - mas provavelmente seja - o que me informaram na SEPLAN foi que entre o VLT e o Monotrilho é que se o Monotrilho gasta “x” pra desapropriar, pra implantar o VLT gasta três vezes esse valor. E tão somente isso seria a razão para a SEPLAN aceitar o Monotrilho como opção. No meu modo de ver, essa discussão foi pouco exaustiva. Acho que nós deveríamos retomar essa discussão e talvez refazer alguns cálculos, eu não tenho esses cálculos que a consultoria levantou, mas nós deveríamos instigar essa consultoria para rever esses dados que ela se baseou para gerar a sugestão do Monotrilho em detrimento do VLT.,

F5: E os principais problemas do Monotrilho, quais são?
Prof. G.A: Ele tem uma capacidade questionável de transporte. O custo de implantação dele é exorbitante. Fiz cálculo para audiência de segunda-feita e dava algo como 38 milhões de dólares por quilômetro implantado, quando dados internacionais mostram que para implantar o VLT é da ordem de 13 a 15 milhões por quilômetro implantado. Então veja que estamos gastando quase três vezes mais do que nós gastaríamos com o VLT. Então, vai ser uma obra muito cara. Não tem boas experiências a nível mundial. Há experiências negativas em que, inclusive, ele foi desativado. Assim, o próprio Monotrilho da Malásia, a declaração foi que está funcionando em um trecho da cidade, mas está sendo complementado por VLT e trens urbanos e não se estuda a expansão do sistema de tão inviável que ele é. O gestor do sistema de transporte da região declarou que o sistema só funciona porque é subsidiado. O Governo banca para ele funcionar. Então, observa, a gente vai gastar nem mais 1 bilhão e 300 milhões de reais, já se fala em mais de 1bilhão e 600 milhões de reais.  A gente vai gastar uma fortuna dessas para implantar um sistema que não tem se mostrado eficiente onde ele ta funcionando. Enquanto a gente tem o VLT que gastaria uns 900 a 500 milhões de reais, 1/3 do que está se gastando pra implantar o Monotrilho, e que tem experiência de sobra no mundo inteiro de bons resultados. Eu tive o prazer de subir em um em Lisboa e é extremamente silencioso, harmônico com a paisagem urbana, por onde ele passa, um automóvel, ônibus também passam. Faz curvas fechadas. Então, não dá pra entender a não ser pela justificativa da Price Waterhouse Cooper.

F5: Quando se fala em desmatar uma área, mesmo no meio da cidade, todos remetem à questão ambiental, mas por outro lado, crescer para os lados, o impacto talvez seja maior. O que o senhor acha?
Prof. G.A: Na conversa eu tive com vocês, disse que, por exemplo, nós teríamos ganhado bastante se ao invés de colocar a Nova Cidade lá onde ela foi implantada, e ela foi implantada sobre numa floresta, ou seja, foi desmatada a região pra ser implantada a Nova Cidade, e tivesse implantado aqui na Colônia Japonesa, imagina o impacto positivo que isso teria! Quantos quilômetros de carros nós estaríamos economizando por dia? Quando homens e mulheres/horas nós estaríamos economizando nas viagens urbanas? E observe um fato extremamente interessante, vocês que passam aqui pelo V8, em frente ao Efigênio Sales havia uma floresta, se lembram? Onde está sendo implantado o Mundi. Quer dizer, antigamente alguém olhava pra aquela floresta e se falasse assim ‘Vamos destruir aquela floresta’, alguém vai falar assim ‘Tá acabando com o verde na nossa cidade! Já não tem verde...’. Adiantou? Olha lá, é uma selva de pedra. Então, o que nós temos hoje de vazio urbano e ainda florestado, não tenho dúvida, vai tudo virar concreto em um certo intervalo de tempo. O que está acontecendo? Os caras estão utilizando esses espaços urbanos pra especulação imobiliária, pra ganhar, entendeu? Jogando a população lá pro calcanhar do sapo, como a gente diz á em Minas. Ta gravando? (risos) E deixando esses espaços, onde a acessibilidade é um privilégio pra classe média alta, pros empreendimentos de alto padrão. Quer dizer, não é a questão ambiental que está em discussão. Tá em discussão aí a margem de lucratividade. Tem gente ganhando com esse modelo de cidade. Tem gente perdendo com esse modelo de cidade. E o pior de tudo: quem está perdendo são os pobres e quem ta ganhando é quem não precisaria ganhar tanto, porque não sabe onde enfia dinheiro dentro da sua conta bancária. Então, pra voltar a questão do plano diretor, eu acho que o plano diretor precisaria forçar que a área urbana de Manaus fosse adensada. Pára de crescer pra fora, vamos crescer pra dentro, vamos adensar. Precisaríamos implantar, por exemplo, o IPTU progressivo que é aquele que uma vez instituído, tem um terreno vazio ali e o dono paga um imposto mais alto e no ano seguinte um imposto mais alto ainda. Então, ele tem duas opções, ou ele repassa ou esse terreno pode ser apropriado, adquirido pelo poder público para fins de interesse público. Então, esse vazios urbanos, eles trazem aumento das viagens, aumento do impacto de toda a situação por conta da natureza e gera benefício só pros seus proprietários. É uma sociedade injusta. É um modelo injusto de construção de cidade. 



Thamires Clair e Raphael Bonini


quinta-feira, 26 de maio de 2011

O CARRO PROBLEMA.

Por José Carlos Lazanha - Especial para o LabF5.

Se você pretende comprar um automóvel, tome todos os cuidados para não comprar um problema sem tamanho, como um grande amigo meu. Inexperiente na arte de compra carros usados, ele somente teve a preocupação de constatar se existia espaço para as suas pernas abaixo do volante e, claro, passou a ter muitos e muitos dissabores, que chegam a ser hilários.



Como ele havia concluído a faculdade no ano de 1997 e precisava de um carro para não ter problemas com o seu transporte (pois bem antes daquele ano, o transporte público em Manaus já era um caos) a solução foi comprar um carro sem entrada. De fato, o único carro que ele conseguiu comprar sem entrada, foi o tal 147, e sem entrada mesmo, pois nenhuma das suas portas abria, tanto que teve que mandar fazer um buraco no teto para poder entrar no automóvel.


O carro era tão velho que o DUT, era feito de papiro, em hieróglifos e assinado pelo faraó Tutancamon segundo a última análise feita por nosso colega Wander-lan, especialista no assunto. Para nosso protagonista, completamente cru nesses assuntos e tendo ouvido, previamente, seus amigos entendidos de que o que vale é o estado do carro e como a placa do carro era do Estado do Pará que é aqui do lado... Falou mais alto o fato de estar precisando do veículo urgentemente, assim não teve alternativa, ficou com aquilo que tiveram a coragem de licenciar como um automóvel.



Assumindo todos os riscos, não teve tempo de se adaptar com os problemas e macetes que um carro velho sempre tem; e assim, quando ele pisava no freio, o limpador do pára brisas funcionava, ao ligar o rádio, a tampa da porta mala abria, quando acionava a buzina, o vidro abaixava... Mas, se os defeitos fossem apenas esses, daria para ele levar numa boa.



Logo notou que por mais que ele acelerasse o carro, o velocímetro não saia do zero, e intrigado com isso, levou o seu veículo para o mecânico explicando lhe o defeito. Depois de desmontar e examinar a peça o dono da oficina afirmou que não havia problema nenhum com o velocímetro, era o automóvel que não andava mais que aquilo...



O engraçado é que somente após, essa frustrada quase manutenção, verificou-se que o tal carro, além da ré, possuía outras três marchas: Devagar, mais devagar e parado, sendo que, na maior parte do tempo, ficava nessa última, o que levou o seu brilhante proprietário a pensar em colocar um calendário no lugar do velocímetro, pois segundo ele, seria mais adequado pois o veículo fazia quilometros por dia, e sem nenhuma vantagem de descontos...

Por mais que tentasse justificar a lerdeza do carro a suas emendas ficavam pior que o soneto. Numa ocasião afirmou que essa falta de velocidade mudava de figura quando estava na estrada, pois ele conseguiria passar por muitos outros carros, mas esqueceu de mencionar que isso ocorria somente quando eles estavam em sentido contrário... assim fica fácil para ele até emparelhar com o Rubinho Barrichello.



Agüentar esses probleminhas do carro não seriam nada se comparados às gozações dos amigos, parentes, conhecidos e até quem não tinha nada a haver com aquilo. Numa ocasião, um deles chegou dizendo ...esse carro é para toda vida, pois não há nenhum otário para quem consiga passar adiante...Outro afirmou ...se não havia observado o alerta contido nas iniciais que identificavam o fabricante do dito automóvel: Foi Iludido, Agora é Tarde. Ainda tinha aquele engraçadinho que falava...era um carro dava para levar fácil cinco pessoas, uma dirigindo e as outras quatro, o empurrando.



Mas o cúmulo aconteceu quando teve que ir ao Centro de Manaus. Ao estacionar o carro na Avenida Eduardo Ribeiro, um daqueles muitos flanelinha que povoam aquele pedaço da cidade lhe pediu dois Reais para “ficar cuidando”. Quando nosso destemido motorista voltou e encontrou o guardador de carros emburrado e nervoso, lhe cobrando 20 Reais por seu trabalho, dois pela guarda e dezoito como indenização pela vergonha que ele havia sido submetido, pois todo mudo que passava pela avenida, ficava pensando que aquele carro era dele.



Fora essas gozações, cada vez mais vinha a certeza que a hora daquele carro estava chegando; além da sua direção estar com mais folga do que servidor público, o ato de se fazer uma curva era, além de um ato de coragem, apenas uma mera coincidência quando o carro dobrava junto com a rua. era notório quando se passava a frente de um ferro velho, o carro, profundamente, suspirava.

As despezas com peças, com o óleo que vazava, da bateria que descarregava, com o reboque, oficina, passaram a ultrapassar o orçamento desse infeliz comprador e colocá-lo próximo ao vermelho, afinal, ele passou a trabalhar para sustentar aquele carro problema, fato que cada vez mais somente confirmava o que era uma certeza: Ele não podia mais ficar com aquilo, que afirmaram ser um automóvel.



A primeira tentativa foi colocar um anúncio no jornal, e, por incrível que pareça, apareceu um comprador. O carro foi mostrado, ele o examinou e pediu cinco mil Reais para levá-lo, imediatamente, foi apresentada uma contra proposta para que ele levasse o veículo; três mil e quinhentos e a promessa de nunca mais aparecer de volta, mas por esse valor não rolou negócio.



Numa tentativa desesperada, o carro foi abandonado com as chaves na ignição num local onde se deixava o lixo para ser recolhido pela empresa de limpeza pública. No dia seguinte nosso protagonista foi surpreendido em sua casa com a chegada de um caminhão reboque que deixou na porta de sua casa, o automóvel que no dia anterior havia sido, lateralmente, vazado no lixo, junto, veio um funcionário da empresa, com um recibo de devolução e lhe pedindo encarecidamente que nunca mais fizesse aquilo, pois eles recolhiam apenas lixo, mas aquele carro era um atentado fundamentalista ao bem estar urbano comum.



Você, com certeza, está curioso em saber como o nosso herói conseguiu se livrar desse infortúnio sobre quatro rodas? Já quase perdendo a paciência e as esperanças, pareceu que as suas preces foram atendidas quando um amigo lhe deu a real de que em Manaus seria difícil vender um carro igual aquele e o aconselhou a tentar pelo interior. Seguindo essa recomendação, decidiu pegar a balsa, atravessar o Rio Negro e tentar vendê-lo em Iranduba, Manacapuru, ou outro município próximo. Foi cedo para a fila formada no porto do São Raimundo, se colocou atrás de uma van e aguardou a sua vez. Ela chegou. O funcionário que cobrava o pedágio para a travessia olhou para o seu carro, e disparou:

- Para o seu carro são quinze Reais.

Com um grande sorriso no rosto, a pobre alma aliviada daquele peso imediatamente lhe entregou as chaves do carro e na lata mandou:

- Vendido!!!





O autor deste artigo é um pseudo estudante de comunicação social, duro, a perigo e torrou toda a grana para comprar, a prazo, uma magrela por não aguentar mais andar no busão do Big Black .

Qualquer semelhança não será mera coincidência, acredite, se quiser...






Luta contra Homofobia chega aos negócios

O movimento que luta pelos diretos dos homossexuais está cada vez mais organizado em Manaus. Eles já não cruzam os braços esperando a justiça seguir o curso natural, porque nem sempre acontece o que é realmente justo para todos os lados.

Na última quarta-feira, o Fórum Amazonense LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) realizou a I Marcha contra a homofobia e contou com o apoio da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus) e Secretaria Municipal de Administração (Semad). O evento aconteceu por todo o Brasil. e na capital amazonense, começou na Praça da Polícia, passou pelas avenidas Sete de setembro e Eduardo Ribeiro e terminou no Manaus Plaza Shopping. O ponto final foi escolhido graças ao caso de homofobia por parte de um segurança do estabelecimento contra Eduardo Araújo.



Além de fazer menção ao dia 17 de Maio, dia internacional contra a homofobia e chamar atenção para os direitos dos homossexuais, o protesto pretendia buscar com a administração do Manaus Plaza uma solução para os atos homofóbicos freqüentes em estabelecimentos comerciais.

O resultado foi uma reunião entre o superintendente do shopping, Jorge Daou e os participantes da marcha. Ao fim de uma conversa em que o superintendente confirmou o fato, chegou-se a conclusão de que a melhor forma de lidar com a situação seria não demitir o segurança ou qualquer funcionário e sim tentar fazê-los compreender a importância do seguimento LGBT para o comércio, por meios de cursos e palestras. O objetivo é ainda estender essa meta para os outros shoppings de Manaus.


Em entrevista exclusiva para o LabF5, o líder do movimento Alberto Jorge falou sobre o resultado do evento. “Foi bom, a superintendência em nenhum momento recusou-se a nos receber. E nos recebeu com dignidade. Podemos afirmar que foi uma conquista efetiva, porque nós não vamos fazer uma ação restrita ao Manaus Plaza, nós queremos levar isso a todos os shoppings. Isso é um desafio para o Fórum. E temos que encarar isso com muita seriedade. Semana que vem, o Fórum vai se reunir com os outros shoppings e secretarias parceiras para juntos traçarmos um plano de trabalho neste sentido”

Como homem de negócios, Jorge Daou concordou que não é inteligente perder clientes por causa de sua opção sexual e pretende reconquistar esse público com poder aquisitivo cada vez maior.


Thamires Clair e Rianna Carvalho

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Gasolina barata por menos impostos


Foto: Globo

Por Isaac de Paula

O brasileiro trabalha quase cinco meses por ano apenas para pagar impostos, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A pesada carga tributária no País – uma das Nações com as taxas mais altas do mundo – fica ainda mais severa quando fatores como a inflação ou escassez de matérias-primas elevam o preço dos produtos no mercado. É o que acontece com a gasolina, por exemplo.

A insuficiência do álcool anidro, substância misturada à composição da gasolina, fez o derivado de petróleo subir desde o início de abril. Nos postos de combustíveis de Manaus, o litro chegou a custar mais de R$ 3 e pegou de surpresa quem não esperava pelo reajuste nas bombas.

O aumento gerou reclamações entre todos os motoristas. No último dia 7 maio, centenas de pessoas participaram de uma carreata por postos de gasolina em protesto aos altos preços. Em cada ponto, os manifestantes pediam o teste de qualidade do combustível e abasteciam com valores simbólicos, como R$ 0,50.

Para o próximo dia 25 deste mês, uma nova manifestação está prevista para protestar por menos impostos. O evento é o “Dia da Liberdade de Impostos”, realizado em todo o Brasil e que chega a Manaus sob a organização do Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) Jovem, braço da entidade voltada para jovens empreendedores, e com o apoio do @TransitoManaus.

A proposta do evento é vender 5 mil litros de gasolina no valor de R$ 1,90 o litro. O preço bem abaixo do encontrado no mercado tem explicação: a venda está sem imposto. Segundo o presidente da CDL Jovem, José Benchimol, a campanha já é um sucesso. “O evento está ganhando proporções que não imaginávamos”, contou ao Lab F5.

Parte dessa repercussão é gerada no Twitter, principalmente pelo @TransitoManaus, criado e gerenciado pelo publicitário Luiz Eduardo Leal. Com mais de 6 mil seguidores no microblog, ele massifica a ideia que já tem centenas de apoiadores.

O “Dia da Liberdade de Impostos” vai acontecer no próximo dia 25, a partir de 08h30, no Posto Shell da Avenida Djalma Batista, em frente à MS Casa, zona Centro-Sul de Manaus. Vale lembrar que o abastecimento dos veículos será limitado a 20 litros por carro ou moto.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

APOCALIPSE BURROCRÁTICO NOW

Por José Carlos Lazanha - Especial para o LabF5.

O que é uma empresa estupidamente burocratizada? Suponhamos que o mundo vai acabar daqui a duas semanas, no dia 03 de junho, uma empresa nos moldes do nosso atual mundo corporativo, por meio de um trabalho interno de sua assessoria de comunicação social, daria conhecimento a todos os seus empregados, mais ou menos da seguinte forma :

              Manaus –AM em 24 de maio de 2011.

      Para: todos os colaboradores.
                                                    
                                                                 Assunto: fim do mundo.

Prezados colaboradores.

Como vem sendo amplamente divulgado pelos meios de comunicação, o mundo vai acabar no próximo dia 03 de junho. Por isso, pedimos a máxima colaboração de todos, na observância das seguintes medidas.  

Primeiro. Por única e exclusiva liberalidade da empresa, não haverá expediente no dia 03 de junho

Segundo. No dia 02, véspera da catástrofe, o expediente será encerrado uma hora mais cedo, para a realização da dedetização trimestral de rotina de nossos escritórios.

Parágrafo único, antes do horário da saída dos colaboradores, os chefes de departamentos devem entregar ao setor comercial, os relatórios mensais da presença de insetos, aracnídeos e outros tipos de artrópodes encontrados vivos ou mortos nas dependências sob sua supervisão durante o trimestre passado.

Terceiro. Todos os documentos pendentes devem ser empacotados e enviados ao arquivo morto.

Parágrafo único. Não serão admitidas, sob nenhuma hipótese, piadas de mau gosto sobre o arquivo morto.

Quarto. As carteirinhas do convênio médico e os crachás devem ser devolvidos até o dia 02 ao senhor Pancrácio, no Setor de Registros.

Parágrafo Único. O não atendimento dessa determinação implicará o cancelamento imediato das referidas carteirinhas e descredenciamento das senhas de acesso dos crachás.

Quinto. Ficam proibidas quaisquer tipos de demonstrações de paranóia coletiva, como as registradas no dia de ontem, 23 de maio, quando, no intervalo do almoço, um grupo de funcionárias começou a chorar copiosamente, sendo que se tal fato vier a se repetir, a Direção, imediatamente, suspenderá o intervalo para cafezinho.

Sexto. Fica também proibida a utilização do sistema de comunicação corporativa, seja pelos terminais telefônicos, emails, facebook, SMS e etc, para a difusão de qualquer tipo de manifestação sobre qualquer assunto diferente daqueles do interesse operacional desta empresa.

 Sétimo. A Direção concorda com os argumentos de que tudo neste mundo, possivelmente, será carbonizado, mas reserva-se o direito de manter a proibição ao tabagismo nas dependências da empresa,inclusive nas áreas externas, mesmo após o próximo dia 03 de junho.

Oitavo. Na hipótese de existir algum tipo de vida após a morte, todos os funcionários devem se apresentar no estado em que estiverem, gasoso, líquido ou sólido, prontos para o expediente normal no dia 06.

         Parágrafo Primeiro. Quem faltar ao expediente no dia 06 e seguintes e não apresentar qualquer justificativa acoplável ao previsto na regulamentação interna, como exemplo a contração de doença grave ou contagiosa, parto ou mal súbito, devidamente comprovados, por atestado fornecido pelo médico conveniado, sofrerá os sancionamentos previstos na mesma regulamentação, além do desconto dos dias não trabalhados.

         Paragráfo Segundo. Aqueles que por algum motivo, não conseguirem registrar a sua presença no relógio de ponto biométrico, deverão ir ao setor de pessoal e procurar o que sobrou da senhora Larissa, e justificar o motivo de sua impossibilidade para que sejam tomadas as providências pertinentes e seja abonada a sua falta constante do sistema, pela assinatura do livro de ponto.

         Parágrafo Terceiro. A confraternização dos aniversariantes do mês de junho, caso cumprido o constante no presente item, fica confirmada para o dia 10, sexta-feira no refeitório da empresa e no mesmo horário anteriormente programado.

        Nono. Qualquer ocorrência decorrente do referido evento que resulte a incapacidade laborativa  de qualquer colaborador, não terá a cobertura do plano de saúde empresarial nem gerará para ele, qualquer direito previdenciário.

         Décimo. Finalmente, no caso de ocorrer a abordagem pela imprensa a qualquer colaborador quanto aos fatos ocorridos no dia 03 de junho deste ano, a direção informa que não estão autorizadas quaisquer manifestações, declarações ou opiniões individuais. O posicionamento oficial da direção geral será disponibilizado à imprensa a partir das 9 horas do dia 06 de junho, primeiro dia útil, posterior ao ocorrido, por meio de um release, as mesmas informações nele contidas, estarão disponibilizadas ao colaboradores no início do expediente, sendo cópias do documento, afixadas nos quadros  murais de cada setor e também, enviada, via e-mail, para o público interno.

Bom juízo final para todos.

Atenciosamente,

A Direção.

O autor deste artigo é um pseudo estudante de comunicação social e acredita no juízo final pleno, amplo e irrestrito inclusive para o Obama, Sarcozzi, Berlusconi, Delúbio, Pallocci, Schwarzenegger...

 Texto inspirado em artigo constante do livro o Melhor de Max Gehringer na Rádio CBN

Ciclo de Debates Comunicação no Espaço Urbano – Etapa final!

Luan Crispim de Andrade

“Arte urbana: expressões criativas da cidade”, tema da terceira etapa do Ciclo de Debates Comunicação no Espaço Urbano, abordará a construção da arte urbana e os desafios encontrados pelos produtores e pesquisadores dessa forma de expressão. O evento acontecerá no dia 27 de maio, com credenciamento às 8h30, no Hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Amazonas (ICHL/Ufam).

Os convidados, participantes da mesa-redonda, serão os grafiteiros Rogério Arab, Thaizis Isy e o rapper Adriano Richards, que farão exposições das suas experiências artísticas. O professor do curso de Artes Plásticas da Ufam, Valter Mesquita, atuará como mediador da mesa. O projeto de pesquisa “Grafite como linguagem da cidade: um estudo da comunicação a partir das interferências do espaço urbano na manifestação do grafite na cidade de Manaus”, com orientação da professora Mirna Feitoza, será apresentado pela aluna Bárbara Teófilo.

A última etapa do Ciclo de Debates é um momento de produção do conhecimento, por meio de discussões que impulsionem mudanças, melhorias e motivem a valorização da arte no espaço urbano. As inscrições são realizadas somente pelo Blog do Grupo Mediação: http://gpmediacao.blogspot.com/. Inscreva-se e participe!