quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ufam recebe estudantes africanos

A Universidade Federal do Amazonas (UFAM), através da Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais recebeu mais 10 estudantes estrangeiros, oriundos de diferentes países da África, que vieram ao Brasil com o objetivo de participarem do Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G), um convênio firmado entre o Itamarati e as repúblicas africanas e da América Latina. Os estudantes recém chegados de países africanos falantes da língua francesa e inglesa irão aprender a falar, ler e escrever o Português, para depois entrarem no Curso de graduação selecionado. Eles devem realizar um teste padronizado de português desenvolvido pelo Ministério da Educação se passarem no Celpe-Bras, certificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros. De acordo com a assessora de Relações Internacionais e Interinstitucionais da UFAM, professora Maria Regina Marques Marinho, a Universidade está tentando, desde o ano passado, oferecer um curso de português como língua estrangeira com objetivo de auxiliar os estudantes que vêm de Países não Lusófonos, para freqüentarem a Faculdade. “Eu sinto que a vinda desses alunos ao Brasil nessas condições (não falando nada em português) é meio difícil. Penso que seria mais fácil se eles tivessem essa preparação nos próprios países de origem; pelo menos já viessem de lá com um pouco de conhecimento da língua portuguesa pois, ao chegar aqui, como eles chegam, é dramático. Vêm com pouco dinheiro e a Universidade também não tem muito a oferecer em termos de estrutura para moradia e alimentação. Nós não temos isso, então, a situação fica complicada”, disse Regina Marinho. “O que podemos oferecer é o Curso da língua portuguesa. Para isso temos todas as condições: professores e salas de aula”, afirmou a professora.

 Programa de adaptação
O grupo de estudantes africanos vai ficar um ano estudando português no programa desenvolvido pela Assessoria de Relações Internacionais e Institucionais, o Celpe-Bras (Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiro) que é realizado duas vezes ao ano, uma no mês de abril e outra em outubro. Somente por meio do exame e da aprovação é que os estudantes vão poder ingressar na Ufam como graduandos. Regina Marinho alerta que os estudantes devem aproveitar esse momento e se esforçarem ao máximo para passar no exame que tem quatro níveis de proficiência: o intermediário; intermediário superior; avançado; e o avançado superior. As avaliações são feitas em dois níveis, orais e escritas. Nas duas avaliações, será exigido dos estudantes que tenham capacidade de conversão e compreensão na língua portuguesa, o que será examinado a partir de entrevista com professores, e na escrita, de elaborar textos baseados em áudio, vídeo e de textos escritos. São quatro tarefas que os estudantes terão que desenvolver nas avaliações e, para cada modalidade de avaliação, será atribuída uma nota. Regina Marinho observou que é fundamental os estudantes passarem nas duas avaliações – escrita e oral. Segundo ela, não adianta ter uma nota excelente na parte oral e não se sair bem na escrita porque o candidato não vai conseguir o certificado. “Se eles não alcançarem o nível intermediário, voltarão para seus países de origem e não terão mais possibilidade de participar no programa Estudante convênio de Graduação, (PEC-G)”, disse a professora. Os estudantes devem apresentar dedicação, grande boa vontade e paciência de vencer todos esses desafios. Atualmente, estão tendo aulas intensivas, pela manhã e a tarde com duas professoras. O tempo restante é aproveitado para os estudos. A professora Regina Marinho, destaca que neste processo existe a vantagem de que todo mundo ao redor fala a mesma língua e acrescenta que “A vontade de vencer é muito grande e vocês vêm com esta vontade de conseguir se formar aqui e voltar para seus países e contribuírem com alguma coisa. A gente tem visto alguns que já estão voltando com a conquista do Curso de graduação e até pós-graduação ”.


Assessora de Relações Internacionais e Interinstitucionais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Professora Maria Regina Marques Marinho.


Joseph Kalonji, da República Democrática do Congo, estudante do curso da língua portuguesa para estrangeiro, afirmou que o curso está indo bem porque as professoras são muito legais com eles, elas ensinam com vontade. Aconselha-os a manter contatos com as pessoas e também como viver em Manaus sabendo que a cultura é totalmente diferente e são estrangeiros. “Pretendo ficar aqui, já estou acostumado, tenho muitos amigos me sinto bem aqui não quero ir para São Luis do Maranhão, o estado para onde fui selecionado no meu país de origem a fazer faculdade de Química Industrial. É normal encontrar algumas dificuldades sendo estrangeiro. A dificuldade principal é a língua e a comida, Não posso entender e compreender nem comunicar com as pessoas nas lojas e igrejas mas estou aprendendo a língua portuguesa e daqui a pouco tudo vai ficar fácil para mim”. Perguntado sobre as diferenças que existem entre Manaus e o Congo, declara que a cidade de Manaus é bonita, está em fase do desenvolvimento e tem futuro. Enfatiza que as pessoas são hospitaleiras e alegres como lá, não existindo muita diferença cultural entre os dois países. “realmente não sei explicar essa diferencia confessou. Não é estranho para mim a universidade no meio da floresta, No congo a faculdade fica fora da cidade sobre uma montanha quase na floresta. Penso que é maravilhoso e bonito”, conclui Joseph Kalonji.

Estudante do Curso da Língua portuguesa para estrangeiro, da república democrático de Congo, Joseph Kalonji.

Para a estudante camaronesa Christiane Eveng, Manaus não é muito bonita se comparada a outras cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Ela conta que, quando chegou na capital, a primeira dificuldade que sentiu foi a alta temperatura, custo de vida, diferença na gastronomia comida e a língua. “Estranhei a primeira vez que cheguei na Ufam, pois vi que é necessário andar de carro para ir para outro lado do campus. No meu país não é assim, lá é tudo muito próximo. Já fiz amizade com várias pessoas que me perguntam como é a África e como cheguei a Manaus”, acrescentou a estudante.



Estudante do Curso da Língua portuguesa para estrangeiro, de Cameron  Chistiane Eveng.

Chistiane Eveng, lembra ainda que estudar a língua portuguesa no Brasil é uma experiência nova para ela, embora o idioma para o qual foi selecionada (Letras – Língua Francesa) seja  muito mais complicado. “Estou gostando do curso. As professoras são ótimas e nos dão muita atenção. Além disso, fui muito bem recebida pela Ufam, que enviou motorista para me pegar no aeroporto e me deixar na Casa do Estudante, logo que cheguei a Manaus”, finalizou.
    
Por: Shéu Mané.

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