sexta-feira, 17 de junho de 2011

Falta de informação ou falta de interesse?


  Por Anna Paula Reiner e Rianna Carvalho

Fonte: http://diarydebicicleta.blogspot.com/

Nosso primeiro jornal impresso do período teve como tema norteador o Plano Diretor (PD) da cidade de Manaus. O PD visa preservar os bens e áreas referentes ao espaço urbano. É elaborado a partir de um conjunto de leis federais e municipais que estabelecem como deve ocorrer a ocupação do município. Além disso, ele é um processo de discussão pública que analisa e avalia a cidade atualmente para depois, formulá-la do jeito que deve ser.

Saber se a população conhece o Plano Diretor e sabe pra que serve foi a nossa principal preocupação, já que o PD deve ser feito em conjunto – governantes e sociedade. Para que assim, todos os reais problemas que a população enfrenta seja dito e que àqueles que governam nossa cidade possam fazer algo para mudar isso.

Por isso, nos dias 14 e 15 de Abril o LabF5 foi as ruas e perguntou a  60 pessoas se elas conheciam o Plano Diretor da Cidade de Manaus. Apenas 12% disseram que já ouviram falar sobre o assunto e 88% disseram não saber do que se trata.

Com base nas respostas obtidas, ficam as seguintes perguntas. É correto afirmar que a culpa dessa falta de informação é somente dos políticos? Ou a população também é culpada por não se interessar pelo assunto?

 Para Auxiliomar Silva Ugartes, professor de História da UFAM e Doutor em História Social, apesar da culpa ser mútua, a população ainda tem uma parcela maior. “As pessoas estão preocupadas apenas com o seu cotidiano, com a sua vida pessoal, e esse tipo de comportamento faz com que a população deixe de lado essa busca por interesses coletivos, que diz respeito a toda a sociedade como, por exemplo, o Plano Diretor”, afirma. Mas, o professor salienta que o poder executivo municipal também tem sua parcela de culpa, por omitir as ações e planejamentos feitos pelo próprio órgão.

Essa falta de interesse pôde ser observada ao longo de algumas entrevistas feita com os populares e alguns estudantes da UFAM.  Muitos dos entrevistados estavam com jornais diários em mãos e mesmo assim não sabiam do que se tratava o Plano Diretor.

Ketlen da Silva, Eliel Vieira, Erica Correa e Mardson Ferreira
Os estudantes Ketlen da Silva, Eliel Vieira, Erica Correa e Mardson Ferreira, estudantes do 3º ano do ensino médio, disseram nunca ter ouvido falar sobre o Plano Diretor. A vendedora Stefane Cristine da Silva de Andrade, o autônomo Marcos Pinto, o taxista José de Melo, o Moto taxista Ademir e diversos outros também não sabiam do que se tratava o Plano Diretor.

Stefane Cristine
Mas, há também, uma pequena parcela da população que ainda se interessa sobre esses assuntos fundamentais para o desenvolvimento da cidade. Um dos entrevistados, o Sr. Salvador Pontes nos disse que “o Plano Diretor deve ser utilizado para organizar ou reorganizar a cidade” - e, com isso, fez uma crítica aos governantes - “por não conseguirem aplicar o Plano Diretor como deveriam, evitando as invasões e, principalmente educando a população para que ela faça o seu planejamento familiar de forma adequada”.

O Policial Militar, Rodrigo Oliveira fez uma crítica pelo ponto de vista de sua profissão. Ele disse que “o crescimento desordenado e a falta de infraestrutura devem ser fiscalizados com mais rigor pelo governo. As favelas e invasões são consequência disso. Com o bom funcionamento e perfeita aplicação do Plano Diretor, a polícia, bombeiros e diversos órgãos teriam acesso mais facilitado a todas as áreas da cidade”.

Renato Lima
Renato Lima, Supervisor de Manutenção, mostrou que conhece as características gerais do Plano Diretor. “O Plano Diretor tem que ser feito pela Câmara Municipal de Dez em Dez anos. Devem ouvir a população pra tentar melhorar a cidade. Aonde devem ficar os comércios, como devem ser as calçadas, ruas... Tudo faz parte do Plano Diretor. Eu só fiquei sabendo por que vi uma notícia no jornal. A Câmara não me orientou em nada ainda.”

Outro entrevistado, o estudante Márcio Braz, do 7º período de Ciências Sociais da UFAM, fez uma crítica dizendo que “o Plano Diretor está refém da SEMEF e da Secretaria de Planejamento, fazendo com que o Plano seja voltado apenas para o lado arquitetônico e urbanístico da cidade”. Com isso, há uma exclusão do lado cultural ocasionando o empobrecimento do circuito cultural da cidade.

A saída para este problema é fazer um trabalho em conjunto entre a prefeitura e a população, para que as necessidades que envolvam o Plano Diretor da Cidade possam ser supridas. Facilitando o diálogo entre esses dois segmentos da sociedade, a população entenderia que o seu papel é fundamental na organização do meio em que vive. Basta que o poder público queira que a população entenda o que é esse Plano e a informe de maneira adequada.

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