É muito preocupante o que ocorreu no Paquistão e culminou como a notícia da suposta, e não bem esclarecida, morte do número 1 da Al Kaeda, Osama Bin Laden, onde tropas Estadunidenses, claramente desrespeitando todos os princípios de soberania de outra nação, invadiram o território paquistanês. Mas essa não foi a primeira vez que tal fato ocorreu. Poderíamos citar muitos exemplos, mas a produção cinematográfica "The Wind and the Lion", de John Milius é marcante, pelas não meras coincidências.
No seu enredo é contada a história real ocorrida em 1903 no governo do Presidente Theodore Roosevelt, enfraquecido politicamente pela greve mineira de 1902. Tropas de fuzileiros navais americanos, que estavam ancorados no Marrocos, receberam ordem do presidente para que invadissem o palácio do Sultão. O motivo que justificaria essa intervenção militar era proteger os interesses de uma socialite americana seqüestrada por um líder rebelde local, que via, naquele ato uma última e desesperada alternativa para chamar a atenção do mundo sobre o governo tirano do sultão Marroquino.
Tal iniciativa americana resultou na dizimação de toda a guarda do palácio do imperial, a deposição do sultão, a garantia da reeleição, um ano depois, de “Teddy” Roosevelt, e claro, mas não menos importante, a libertação da americana seqüestrada. Essa estratégia de política externa conhecida como "the big stick" (o grande porrete) devido à frase Speak softly and carry a big stick (Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete), claramente continua a ser empregada pelos estadunidenses, como respaldo para entrarem na casa dos outros como se os estatutos da rainha de Nápoles e condessa de Provença estivessem afixados em todos os países que os americanos chamam de “aliados” ou “amigos” e até mesmo os inimigos, afinal, quem teria a coragem ou um porrete maior do que o deles?
De “amigos” como esses, é prudente à distância, no entanto, muito pelo contrário, os exemplos que se colocam como clichês em nossa administração pública e o comportamento dos nossos políticos, governantes, nossos representantes e nos mesmos, além de convites para que eles venham e fiquem entre nos, certamente são por eles interpretados como equivalentes aos decretos da rainha de Nápoles e condessa de Provença para a Avignon, pois, é visível para esses nossos supostos “aliados”, a existência de uma porta por onde eles poderão entrar em um lugar onde vale tudo, tudo pode. Todos, menos nós pobres mortais, mandam e desmandam. São verdadeiros permissivos para que nos use e nos abuse, e com isso, não precisar ser “The Guy”, para fazer do “Brazil” sinônimo de lugar sem dono, governo, memória histórica e um mínimo de orgulho.
Beto Tavarovsky.