Após o impacto econômico que, em 2008, resultou em forte redução da produção industrial, queda nas exportações e desemprego, a ‘locomotiva’ do setor químico segue a toda velocidade para a meta de fechar o ano ostentando o melhor faturamento da série histórica dos últimos cinco anos e a segunda melhor marca de crescimento percentual consolidado (expansão de 43,44%) na comparação às de outros setores da economia industrial do Amazonas, atrás apenas do polo metal-mecânico.
Surpresa para muitos? Nem tanto. A marcha da evolução industrial do setor no Amazonas até outubro era esperada, de acordo com dados divulgados pela Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) e Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), vez que o Estado acompanhou na dianteira a curva para cima semelhante ao ocorrido em outras regiões industriais do país, alcançando o patamar de 6,96% de crescimento no índice de produção de insumos químicos para uso industrial.
Parceria com outros setores gera avanço
Uma parcela importante desse desempenho é atribuída à demanda mais forte na termoplastia, produção de refrigerantes e na cadeia de petróleo e gás, segmentos que aliados a outros resultados menos expressivos, ajudaram na elevação do volume de compras de insumos regionais. “Acreditamos que o setor químico deva apresentar neste ano, em relação a 2010, um crescimento de 33% no faturamento, se tornando o terceiro maior faturamento por setor na economia do Amazonas, devendo chegar a aproximadamente a US$ 4.5 bilhões. Essa expectativa já era esperada em razão do bom desempenho da indústria a partir de março”, explicou o presidente da Fieam, Antonio Silva.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, juntas, as empresas que atuam no setor faturaram até outubro mais de US$ 3.31 bilhões, avançando praticamente 4% sobre o total produzido no ano passado, considerado recorde até então, quando já em plena recuperação o setor registrava US$ 3.19 bilhões de faturamento.
(Bernardo Gradin, presidente da Abiquim)
Nessa disparada para atender empresas locais e de outras regiões da Amazônia Ocidental, o total de compras é outro item interessante na pauta das negociações da indústria química. Enquanto no primeiro semestre de 2010 o setor totalizou US$ 48.83 milhões, a tendência é encerrar igual período deste ano cravando US$ 55 milhões, graças ao adensamento da cadeia produtiva desses setores no Polo Industrial de Manaus.
O presidente do conselho diretor da Abiquim, Bernardo Gradin, lembrou ao LAB F5 outro detalhe que contribuiu efetivamente para o bom momento por que passa a indústria desde o início do segundo semestre. A nafta petroquímica, principal matéria prima do setor, vinha pressionando para cima os preços no mercado externo, o que forçou a opção dos importadores pelo produto nacional para reduzir custos. Entre dezembro e abril, de acordo com o executivo, o preço da nafta no mercado europeu, convertido para reais, teve acréscimo acumulado de 17,4%. “O produto nacional tem a mesma qualidade do estrangeiro, mas a cotação do dólar frente à moeda nacional e a alta carga de impostos davam pouca competitividade ao produto brasileiro em relação aos insumos importados”, acrescentou.
De carona nessa expansão dos negócios, as indústrias do setor planejam investimentos ambiciosos para além de cinco anos, que perfazem um saldo positivo em torno de US$ 200 milhões a mais a cada ano. A meta para o Amazonas é alcançar em três anos US$ 4 bilhões em investimentos gerais na região, nos quais estão incluídos ainda a ampliação de novas frentes de trabalho, capacitação de mão de obra, aumento de parques industriais e adensamento de 70% da produção com a atração de parceiros para instalação de projetos em Manaus. Quem viver, verá.