Por Isaac de Paula
Dados dos Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que apenas 4,45% da população no Norte do Brasil diz confiar ‘muito’ na atuação da Polícia. A estatística é um retrato do cenário da Segurança Pública local, com alto número de criminalidade e denúncias contra policiais. Entre as acusações feita à Corporação, que é paga para proteger o cidadão, estão tortura, abuso sexual e esquemas de prostituição e extorsão.
De acordo com o Sistema de Indicadores de Percepção Social 2011, organizado pelo Ipea, o otimismo quanto ao desempenho da Polícia é baixo em grande parte do Brasil. Na região Norte, a reduzida aprovação popular pode ser explicada, entre vários fatores, por outro dado da mesma pesquisa. O levantamento mostra que o Norte apresenta a pior avaliação do país quando o assunto é o atendimento policial. A cada mil chamadas, apenas 354 têm o atendimento considerado ‘bom’ ou ‘ótimo’. A média nacional é 435.
Além da baixa aprovação no combate à criminalidade e na investigação de crimes já ocorridos, os últimos 30 dias evidenciaram que a própria imagem da Polícia está desgastada. Não é de hoje que se sabe de crimes cometidos por oficiais, mas os casos agora imergem em velocidade e detalhes assustadores.
Desde histórias de comandantes que torturavam e assassinavam ‘criminosos’ sob a alegação de fazer Justiça, passando por milícias pagas para matar rivais de interesses nada íntegros – como exposto no Caso Wallace-, pouco se via do horror da truculência e abuso de poder revelado nas últimas semanas. A Corregedoria da Polícia trabalha agora para explicar casos como da tentativa de homicídio contra um adolescente de 14 anos, da sequência de denúncias de suspeitos submetidos a sessões de tortura e abuso sexual e até um esquema de extorsão envolvendo policiais civis e militares, que usavam uma garota de programa com menos de 18 anos para obrigar o pagamento de suborno. A alegação: o dinheiro ou o processo por pedofilia.
Os casos são muitos, em um curto espaço de tempo. Mas esses são fatos possíveis de serem contados em uma só mão, quando ainda há centenas encaminhados para apuração e que não tiveram o mesmo destaque na mídia. E estes, por sua vez, são somente partes de um grande número das denúncias que não chegam aos órgãos oficiais devido ao medo de represálias. O mesmo sentimento que hoje impede a confiança nos distintivos da Polícia.
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