Vida longa ao turismo amazonense. Depois de figurar entre os 15 destinos mais procurados pelos estrangeiros que visitam o país, o Amazonas assegurou um lugar entre as 10 regiões com maior volume de negócios e visitas no segmento de turismo ecológico e rural na macrorregião Norte. Na rota das viagens internas, os roteiros Boi Bumbá, Pesca do Tucunaré, Arquipélago de Mamirauá e Ambiente Rural Caboclo receberam destaques e elogios dos operadores de turismo durante o 36º Encontro Comercial Braztoa, ocorrido em São Paulo, que o Lab F5 foi conferir de perto.
A razão para tantos elogios do trade não é nem de longe a mais óbvia: além de locais com fauna e flora exóticas já conhecidas do público, o Estado agora vem apostando suas fichas no turismo rural em um estilo totalmente diferenciado do resto do Brasil. É claro que parte desse sucesso se deve mesmo a uma nova tendência de atividades turísticas relacionadas à vivência in loco da cultura e do ambiente rural preservado.
Os operadores deixaram claro que, no caso do Amazonas, a bola da vez são os atrativos do modo de vida cabocla, o contato mais próximo com a produção agrícola made in Rain Forest e o vívido contato com os igarapés que cortam a região, todos ainda pouco explorados. O recado não é gratuito, já que com base nos números divulgados no evento, os turistas desse segmento têm cartucho para queimar. Cada pessoa por pacote deixa no turismo rural cerca de R$ 2.500 entre alimentação, transporte, hospedagem e gastos extras.
A turismóloga Patrícia Maria Ferreira, especialista em turismo rural na Amazônia, explica que o rio e a floresta exercem influência total sobre a vida dos caboclos, cujas pequenas comunidades ribeirinhas conservam antigos costumes fortemente ligados à cultura indígena e nordestina. “O que mais chama atrai o turista é provar a culinária amazônica feita genuinamente na roça, em fornos à lenha e panela de barro. Além disso, o artesanato e a produção de flores e peixes são atrativos formidáveis para a região”, explicou.
Fato é que, de olho nesse nicho ainda pouco explorado, empresários passaram a incentivar o plantio de laranjas, flores e a piscicultura, divulgando amplamente a rota Rio Preto da Eva (77 km em linha reta de Manaus), nas rodadas de negócios em São Paulo. “O turista está interessado em ver novidades e não apenas mato e água. Por isso estamos atrás de coisa novas como a Comunidade Indígena Beija Flor, que reúne nove etnias moradoras de Rio Preto da Eva. Lá, o artesanato é produzido de forma integrada e cada artesão faz suas peças conforme as características de sua tribo. Isso é novidade para o turista”, explicou o empresário paulista João Batista Pinho.
Pequenos empreendedores apoiados pelo Sebrae-AM (Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Amazonas), deram mostras de que o turismo rural vem de fato se desenvolvendo no Amazonas. Exemplo disso, é que na área rural da cidade, o artesanato produzido pela família Marmentini aproveita a madeira morta como matéria prima. O café regional, com ingredientes típicos da Amazônia, fez a família paranaense apostar em lucro na atividade turística, misturando à tapioca recheada com castanha, tucumã e queijo. “Além disso, temos serviço de hospedagem com pernoite em chalés à beira da estrada, passeio em igarapés, onde oferecemos sucos de frutas regionais e sorvetes à base de frutas amazônicas que podem ser colhidas no pé, pelo próprio turista”, disse o empreendedor José Cláudio Marmentini.
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