Muitas falácias são ditas diariamente sobre o motivo pelo qual o fisco brasileiro incorporou como seu mascote a figura do leão, no entanto, em um estudo mais profundo realizado por um estudante de direito da Ufam, chegou-se a uma conclusão surpreendente quanto a utilização da figura leonina como ícone, já notoriamente incorporado, aos conceitos de conhecimento popular quanto ao poder do Estado e mesmo de seus governos, em todos os níveis.
Uma análise primária feita por aquele estudante Universitário, o levou a conclusões que descartavam um processo lógico para a utilização da figura leonina para representar a RECEITA FEDERAL.
Em primeiro lugar, se fosse pelo critério "MORDIDA", certamente o jacaré açu, o tubarão cabeça chata e atualmente até o cão pitbull, ganhariam o certame. Se fosse pelo quesito "FEROCIDADE", outros felinos com o tigre, a nossa onça pintada e até a jaguatirica, venceriam tranqüilamente. Outro critério que, de plano, descartaria o leão, decorre do fato de ele não ser uma espécie da fauna brasileira. Portanto, salvo outro entendimento, ele não seria adequado nem para ser o mascote do Nacional ou do Penarol de Itacoatiara.
Tais fatos aguçaram a desconfiança do referido estudante, que após uma longa pesquisa, conseguiu chegar, inicialmente, à velha Roma, onde a pena máxima, aplicada aos sonegadores de impostos à César, era ser lançado vivo aos leões nos picadeiros dos circos, como preliminar dos espetáculos principais das lutas dos gladiadores, por exemplo, sendo proclamado, em alto e bom tom, para todos os presentes, o motivo daquela execução. Era uma espécie primitiva da aplicação de um violento processo de marketing de não sonegação fiscal.
Não ficou bem definido, em tal estudo, se tal motivo seria o que justificaria a adoção do símbolo em foco, o que levou o estudante a arregaçar as mangas e descobrir que tal expressão passou a ser utilizada na década de 70, sendo inclusive alvo de uma propaganda do então regime de exceção, implantada pelos militares, para avivar no cidadão, a necessidade do pagamento dos seus tributos em dia.
Em um maior aprofundamento, aquele acadêmico, indo ao Rio de Janeiro, se encontrou, pessoalmente, com os editores do jornal "O PASQUIM", que revelaram o modo pelo qual teriam burlado os censores da época e encontrado uma maneira de inscreverem no concurso promovido pelo Governo militar, uma pessoa totalmente desconhecida dos "arapongas" do Serviço Nacional de Informações-SNI. O referido certame tinha como objetivo principal, divulgar e disseminar para a população, a necessidade, não somente do pagamento, mas a sua pontualidade, como forma de manter o suposto crescimento do País. O jovem publicitário de ficha impecável, boa família e católico apostólico romano praticante, tendo sido até coroinha, apresentou seu projeto/proposta para a referida campanha publicitária com a associação da Receita Federal com a figura do leão, sob a justificativa de que "o leão era o símbolo do estado soberano, pois era ele o rei dos animais", somado a idéia e argumento de que ele seria manso para quem o respeitasse explorando uma velha anedota que dizia; - senta que o leão é manso... Pois bem, os milicos não desconfiaram de nada, aplaudiram, o cumprimentaram, chamaram o jovem publicitário de gênio e patriota, quase o indicaram para uma condecoração, com direito a tropa em forma e banda de música. Seu projeto foi o grande vencedor do concurso e daí, a mídia da época foi infestada por propagandas institucionais associando a figura leonina com o Fisco, e assim se massificou tal imagem à instituição pública.
O que não se disse e que sequer foi alvo de uma mínima descofiança dos juízes do concurso, é que as verdadeiras intenções dos editores de tal periódico, que estavam à retaguarda daquele "agente secreto", simulacro de publicitário exemplar para as iludidas autoridades do regime, era de criticar, de forma eficaz e permanente, o sistema de tributação aplicada à população brasileira, por meio de alguns criativos argumentos associativos de origem jocosa e até pornográfica, como exemplo; o leão é denominado rei dos animais devido a sua capacidade copulativa (ele consegue copular seguidamente e de forma cientificamente comprovada, até cerca de 70 vezes) e, em muitas das ocasiões, o macho chega a ferir gravemente ou matar a fêmea durante o ato sexual sendo que, muitas vezes, após ter consumado tal ato, viva ou morta a leoa, o leão não satisfeito, procuraria uma outra fêmea para saciar seus instintos. Por tal motivo, a analogia feita pela equipe de redatores do Pasquim entre o leão e o Fisco tinha as seguintes correspondências, claro, não divulgadas, na época, aos governantes: Quando o Fisco começava a "Ferrar" o contribuinte, por ele mesmo, não pararia mais, muitas das vezes, quando o contribuinte conseguia escapar "vivo", ele saia muito machucado da situação e, finalmente, quando o Fisco termina de "ferrar" com um contribuinte, imediatamente, procura outro infeliz para saciar seus instintos. Por pérolas como essa, cada dia que passa, mais me convenço que, quanto mais limitada e censurada a forma de expressão, mais estimulada é a criatividade do comunicador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário