Em 2005, diversas Universidades públicas do país passaram a aderir ao sistema de cotas. Desde então a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) atendeu aproximadamente 439 indígenas. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) não possui vagas exclusivas na graduação, no entanto o ingresso à Universidade está longe de ser o único problema para os índios.
Grande parte dos universitários indígenas da capital desistem do curso por falta de recursos financeiros. João Paulo Barreto, líder indígena e mestrando em Antropologia Social, explica o motivo: “Hoje cerca de 60% dos índios que ingressam na Universidade deixam o curso. O motivo é simples: A Ufam não disponibiliza bolsas para os alunos de graduação. As famílias indígenas não têm o costume de ganhar e guardar dinheiro. Quando entramos na Universidade precisamos de recursos para nos locomover até as aulas, tirar cópia dos livros dos professores, comprar cadernos, livros e participar de Cursos e Congressos. Como temos que trabalhar acabamos desistindo do curso”, conclui.
A professora Maria Irene Andrade, chefe da Diretoria de Apoio e Fomento às Ações Curriculares de Extensão (Dafacex), afirma que existem projetos de pesquisa que disponibilizam bolsas de R$ 300: “Há um programa na Ufam chamado ‘Conexão dos Saberes’ o qual as bolsas são destinadas prioritariamente aos negros e aos indígenas. O problema é que os estudantes não procuram viver os três níveis de uma Universidade (Ensino, Extensão e Pesquisa), ficando apenas na sala de aula e não buscando outras experiências”.
Para tentar sanar as deficiências no apoio aos indígenas, a Ufam criou a Comissão Técnica Permanente para Elaboração de Projeto de Política Institucional para os povos Indígenas, formada por dez professores de diversas áreas.
O grupo se reúne há um ano e visitou todos os pólos da Universidade. “Nós fizemos o levantamento dos projetos voltados para os indígenas em todos os campus universitários. Com esses dados faremos um documento que servirá de base para a criação da Política Institucional da Ufam”, explica a professora Rosa Helena da Silva, membro da Comissão.
A previsão é que nos próximos meses ocorra maior integração entre a Universidade e os índios com a aplicação do terceiro e último passo para o documento institucional o qual os alunos e lideres indígena irão expor suas dificuldades e ideias aos professores. A proposta de criação de uma pró-reitoria para assuntos indígenas já foi encaminhada à reitora Márcia Perales.
Foto: Divulgação
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